Cefaleia por Hipotensão Liquórica: Quando a pressão do líquor está baixa, a dor aparece

10 junho, 2025



A dor de cabeça nem sempre é causada por excesso de pressão no cérebro. Às vezes, o problema é justamente o oposto: uma pressão baixa no líquor, o fluido que envolve o cérebro e a medula espinhal. Essa condição é chamada de cefaleia por hipotensão liquórica, e pode causar dor intensa e debilitante.

Embora seja menos comum do que outros tipos de cefaleia, é importante reconhecê-la porque o tratamento é diferente — e o diagnóstico correto pode evitar complicações graves.

 

💧 O que é a hipotensão liquórica?

O líquido cefalorraquidiano (ou líquor) é um fluido que protege e nutre o cérebro e a medula espinhal. Ele circula dentro e ao redor dessas estruturas, em um sistema fechado e com pressão controlada.

Quando há perda desse líquido, a pressão intracraniana cai — e o cérebro, literalmente, “afunda” um pouco dentro do crânio. Isso causa tração nas estruturas sensíveis à dor, como meninges e nervos cranianos, provocando a cefaleia típica da hipotensão liquórica.

 

🔍 Como é essa dor?

A dor de cabeça causada por hipotensão liquórica tem características bem específicas:

  • Piora ao ficar em pé ou sentar (ortostática);
  • Melhora ao deitar;
  • Pode ser latejante e localizada na nuca, região frontal ou difusa;
  • Frequentemente acompanhada de:
    • Náuseas e vômitos;
    • Zumbido nos ouvidos;
    • Visão turva ou dupla;
    • Tontura;
    • Em casos graves, até alterações neurológicas e rebaixamento do nível de consciência.

Esse padrão postural é um sinal de alerta importante.

 

🧪 Causas: espontânea ou pós-procedimento

A hipotensão liquórica pode acontecer de duas formas:

1. Pós-punção lombar

Após uma punção lombar (exame do líquor) ou anestesia peridural/raquidiana, pode haver vazamento do líquor no local da punção, especialmente se a agulha utilizada for de maior calibre ou se o fechamento da dura-máter não for completo.

É a causa mais comum e pode ocorrer horas ou dias após o procedimento.

2. Espontânea

Mais rara, mas cada vez mais reconhecida, ocorre sem um procedimento prévio. As causas podem incluir a presença de fístulas que são vazamentos ou comunicações que não deveriam existir:

  • Fístula dural espontânea: pequenas rupturas da dura-máter, a membrana que envolve o cérebro e a medula.
  • Fístula veno-liquórica: mais recentemente descrita, envolve a comunicação anormal entre veias espinhais e o espaço liquórico, permitindo que o líquor “escape” pela corrente venosa.

Essas formas espontâneas podem passar despercebidas por semanas ou meses, e frequentemente são confundidas com enxaqueca ou cefaleia tensional.

 

⚠️ Complicações possíveis se não tratada

Quando não diagnosticada ou tratada adequadamente, a hipotensão liquórica pode levar a complicações graves, como:

  • Cefaleia crônica e refratária;
  • Trombose venosa cerebral, devido ao colapso de veias intracranianas;
  • Hérnia cerebral (casos extremos e raros);
  • Formação de coágulos entre as membranas que cobrem o cérebro e as estruturas cerebrais;
  • Diversos sintomas neurológicos que podem variar desde perda de força nos membros até problemas de memória;
  • Diminuição da qualidade de vida e uso abusivo de medicamentos.

 

💊 Tratamento: como aliviar a dor e corrigir o problema

O tratamento depende da gravidade e da causa. Em casos leves, especialmente após punção lombar, medidas conservadoras podem ser suficientes:

Tratamento conservador

  • Repouso em posição deitada;
  • Hidratação abundante;
  • Cafeína oral ou intravenosa (pode ajudar a elevar a pressão liquórica);
  • Analgésicos simples.

💉 Blood patch (infusão de sangue epidural)

Em casos persistentes, o tratamento de escolha é o blood patch, em que se injeta uma pequena quantidade do próprio sangue do paciente no espaço epidural. Isso cria um "coágulo natural" que sela a área de vazamento.

É altamente eficaz, especialmente em cefaleias pós-punção lombar.

🧠 Tratamentos avançados

No caso de fístulas espontâneas, pode ser necessário:

  • Estudos de imagem especializados (como mielografia com TC ou ressonância com gadolínio intratecal);
  • Blood patch guiado por imagem;
  • Cirurgia, nos casos em que se identifica claramente a fístula dural.

 

🧑‍⚕️ Conclusão

A cefaleia por hipotensão liquórica é uma causa importante e tratável de dor de cabeça, que pode ter início após procedimentos médicos ou ocorrer espontaneamente. O reconhecimento precoce e o tratamento adequado são essenciais para evitar cronicidade e complicações neurológicas.

Se você apresenta uma dor de cabeça que piora ao ficar em pé e melhora ao deitar, especialmente após uma punção lombar ou cirurgia da coluna, procure um neurologista. O diagnóstico certo pode fazer toda a diferença.

 

Dr. Júnior Vasconcelos
Neurologista – CRM 219464 | RQE 124426
Especialista no diagnóstico e tratamento de dores de cabeça

 

Bloqueio de Nervos Pericranianos: Alívio rápido e seguro para dores de cabeça intensas

10 junho, 2025



Para quem sofre com dores de cabeça frequentes ou intensas, cada crise pode ser um verdadeiro desafio. Em muitos casos, o alívio com medicamentos é lento ou insuficiente. Mas existe um procedimento simples, seguro e altamente eficaz que pode mudar esse cenário: o bloqueio de nervos pericranianos.


🧠 O que é o bloqueio de nervos pericranianos?

Trata-se de um procedimento médico minimamente invasivo, realizado no consultório, que consiste na aplicação de medicamentos anestésicos (com ou sem corticoides) próximos aos nervos localizados na região da cabeça e pescoço — chamados de nervos pericranianos. Os principais alvos são:

  • Nervo occipital maior e menor, na parte posterior da cabeça;
  • Nervo auriculotemporal, próximo às têmporas;
  • Nervo supraorbitário e supratroclear, localizados na testa.

Esses nervos transmitem parte da dor associada a várias condições de cefaleia. Quando sensibilizados, eles funcionam como "amplificadores" da dor. O bloqueio age exatamente nesse ponto: interrompe a condução do estímulo doloroso e ajuda a "reinicializar" o sistema de dor local.


💉 Como o procedimento é feito? Dói? É perigoso?

O bloqueio é realizado no próprio consultório médico, com o paciente sentado ou deitado. O médico aplica pequenas quantidades de anestésico local, geralmente com uma agulha fina, nos pontos anatômicos onde os nervos emergem.

É um procedimento rápido (dura cerca de 5 a 10 minutos), pouco doloroso e geralmente muito bem tolerado. Os efeitos costumam ser percebidos em poucos minutos, proporcionando um alívio significativo da dor.

Importante: trata-se de um procedimento seguro, quando realizado por profissionais habilitados, como neurologistas ou especialistas em dor.


Por que ele funciona?

Em várias formas de cefaleia — como a enxaqueca, a cefaleia em salvas, ou a cefaleia cervicogênica — há um fenômeno chamado sensibilização periférica, no qual os nervos ao redor do crânio se tornam mais reativos, perpetuando ou agravando a dor.

O bloqueio atua diretamente nesse mecanismo, reduzindo a excitabilidade desses nervos e permitindo que o cérebro “desligue” o sinal de dor. Ele também pode ajudar a quebrar o ciclo de crises contínuas, sendo útil tanto em dores agudas quanto crônicas.


📌 Quando o bloqueio é indicado?

O bloqueio de nervos pericranianos pode ser usado em diversas situações:

  • Crises agudas de dor intensa, como em uma enxaqueca refratária ao tratamento oral;
  • Cefaleias crônicas diárias, em que o paciente tem dor praticamente todos os dias;
  • Cefaleia em salvas, para alívio rápido nos períodos de crise;
  • Como terapia complementar, em conjunto com medicamentos preventivos;
  • Como "ponte terapêutica", oferecendo alívio temporário enquanto o tratamento de prevenção começa a fazer efeito (que pode levar semanas).


E depois do bloqueio? O que esperar?

Muitos pacientes relatam alívio imediato ou nas primeiras horas após o procedimento. A duração do efeito pode variar — desde alguns dias até algumas semanas. Em casos selecionados, os bloqueios podem ser repetidos de forma programada, sempre sob supervisão médica.

Além do efeito analgésico, o procedimento pode ajudar a reduzir o consumo excessivo de analgésicos, um problema comum em pacientes com dor crônica e que pode, por si só, piorar a dor (a chamada cefaleia por uso excessivo de medicamentos).


Conclusão

O bloqueio de nervos pericranianos é uma ferramenta valiosa, segura e eficaz no arsenal contra as dores de cabeça. Ele não substitui o tratamento de base, mas pode ser um aliado fundamental em momentos de crise ou como parte de uma estratégia mais ampla de controle da dor.

Se você ou alguém que você conhece sofre com dores de cabeça frequentes ou intensas, converse com um neurologista. Conhecer as opções disponíveis é o primeiro passo para retomar o controle da sua qualidade de vida.


Dr. Júnior Vasconcelos
Neurologista – CRM 219464 | RQE 124426
Especialista no diagnóstico e tratamento de dores de cabeça

 

Hipertensão Intracraniana Idiopática: Quando a pressão dentro da cabeça aumenta sem causa aparente

10 junho, 2025



A dor de cabeça é um dos sintomas mais comuns nos consultórios médicos. Embora, na maioria das vezes, não esteja relacionada a doenças graves, há casos em que a dor pode ser o sinal de algo mais sério. Um desses casos é a Hipertensão Intracraniana Idiopática (HII) — uma condição neurológica que merece atenção, diagnóstico preciso e acompanhamento adequado.


O que é a HII?

A Hipertensão Intracraniana Idiopática (HII), também conhecida como pseudotumor cerebral, é uma condição caracterizada pelo aumento da pressão dentro do crânio, sem uma causa estrutural identificável, como tumores, infecções ou sangramentos.

Embora o nome possa assustar, trata-se de uma condição tratável. No entanto, se não for diagnosticada corretamente, pode levar a complicações importantes, principalmente relacionadas à visão.


Como funciona a dinâmica do líquor e por que ela importa?

Nosso cérebro e medula espinhal são banhados por um fluido chamado líquido cefalorraquidiano (LCR), ou simplesmente líquor. Esse líquido é produzido continuamente dentro do cérebro e tem várias funções importantes:

  • Proteger o sistema nervoso central contra impactos;
  • Nutrir o tecido cerebral;
  • Remover resíduos metabólicos;
  • Ajudar a manter a pressão estável dentro do crânio.

Em condições normais, o líquor é produzido e reabsorvido de forma equilibrada. Na HII, acredita-se que haja uma alteração nesse equilíbrio, resultando em acúmulo de líquor e aumento da pressão intracraniana.

Ainda não se sabe exatamente por que isso acontece, mas diversos estudos mostram uma forte associação com o ganho de peso, especialmente em mulheres jovens com sobrepeso ou obesidade — o perfil mais comum entre os pacientes com essa condição.


Sintomas: muito além da dor de cabeça

A dor de cabeça na HII costuma ser diária, intensa e difusa, muitas vezes piorando ao deitar, tossir ou realizar esforços. Mas o que realmente chama atenção é que esses pacientes frequentemente apresentam sintomas visuais, como:

  • Visão embaçada ou dupla;
  • Episódios de escurecimento da visão, especialmente ao mudar de posição;
  • Presença de “manchas” ou luzes no campo visual;
  • Zumbido pulsátil (batimento nos ouvidos);
  • Náuseas e vômitos.

Esses sintomas acontecem porque a pressão aumentada afeta o nervo óptico, causando o chamado edema de papila — um inchaço visível ao exame de fundo de olho.


Por que é tão importante um diagnóstico correto?

Por sua apresentação com dor de cabeça crônica, a HII pode ser facilmente confundida com enxaqueca ou cefaleia tensional — levando a diagnósticos errados e atrasos no tratamento adequado. O uso de medicamentos para enxaqueca não trata a causa real da HII e pode até piorar a condição se a pressão continuar aumentando.

Por isso, é fundamental buscar avaliação com um neurologista, que saberá investigar a fundo, pedindo exames como:

  • Ressonância magnética do crânio, para descartar outras causas;
  • Punção lombar, que permite medir diretamente a pressão do líquor;
  • Avaliação oftalmológica com fundo de olho.


E depois do diagnóstico? O acompanhamento é essencial

Uma vez feito o diagnóstico, o tratamento costuma envolver mudança no estilo de vida — principalmente com perda de peso, que muitas vezes resulta em melhora ou até remissão dos sintomas.

Além disso, podem ser utilizados medicamentos como a acetazolamida, que ajuda a reduzir a produção de líquor. Em casos mais graves ou resistentes, pode ser necessário um procedimento cirúrgico para aliviar a pressão.

Mas mesmo após o início do tratamento, o seguimento regular é fundamental — sendo realizado em conjunto entre neurologista e oftalmologista. Como a visão é uma das funções mais ameaçadas pela HII, é necessário realizar exames periódicos, especialmente:

  • Fundo de olho, para monitorar a alteração do nervo óptico;
  • Campimetria visual, que avalia o campo visual e detecta perdas que podem passar despercebidas no dia a dia.

Esses exames ajudam a monitorar a eficácia do tratamento e prevenir sequelas permanentes.


Conclusão

A Hipertensão Intracraniana Idiopática é uma condição que exige atenção e cuidado. Embora não seja comum, é uma causa importante de dor de cabeça crônica com risco à visão, principalmente em mulheres jovens e acima do peso.

O diagnóstico precoce e o acompanhamento contínuo são fundamentais para evitar complicações. Se você tem dores de cabeça persistentes associadas a alterações visuais ou outros sintomas incomuns, não ignore — procure um neurologista. Informação e atenção podem fazer toda a diferença.


Dr. Júnior Vasconcelos
Neurologista – CRM 219464 | RQE 124426
Especialista no diagnóstico e tratamento de dores de cabeça

 

🧠 Dores de Cabeça e Comorbidades: A Importância do Tratamento Integrado

10 junho, 2025



Muitas pessoas que sofrem de dores de cabeça, especialmente as crônicas, sabem que a dor não ocorre isoladamente. Ao contrário, ela frequentemente está acompanhada por outras condições de saúde, como transtornos psiquiátricos, problemas oromastigatórios (da boca e mandíbula), distúrbios do sono, entre outros.

É muito comum que o paciente com dor de cabeça tenha também ansiedade, depressão, apneia do sono ou dificuldades na articulação temporomandibular (ATM). Essas condições não apenas agravam o quadro de dor, mas também dificultam o tratamento eficaz, já que muitas vezes as terapias precisam ser adaptadas para tratar essas condições associadas.

Neste artigo, vamos explorar as principais comorbidades que acompanham as dores de cabeça e a importância de tratar essas condições em conjunto para alcançar melhores resultados e uma qualidade de vida mais satisfatória.


😔 Transtornos Psiquiátricos: Ansiedade e Depressão

A relação entre dores de cabeça crônicas e transtornos psiquiátricos é amplamente reconhecida. Estudos indicam que as pessoas que sofrem de enxaqueca ou cefaleia tensional têm maior risco de desenvolver condições como ansiedade e depressão. E o inverso também é verdadeiro: transtornos psiquiátricos podem agravar ou até desencadear crises de dor de cabeça.

  • Ansiedade: A tensão e a preocupação constantes podem levar a tensionamento muscular, especialmente na região da cabeça, pescoço e ombros, o que pode desencadear ou agravar dores de cabeça tensionais. Além disso, o estresse causado pela ansiedade pode aumentar a percepção da dor, tornando os episódios mais intensos.
  • Depressão: A depressão também é uma comorbidade comum em pessoas com dores de cabeça crônicas. Os sintomas de depressão, como cansaço extremo, distúrbios do sono e irritabilidade, podem aumentar a frequência e a intensidade das crises de dor.

O tratamento dessas condições deve ser multidisciplinar, com intervenções tanto farmacológicas como psicoterapêuticas, a fim de reduzir tanto a dor quanto os sintomas psiquiátricos.


🦷 Distúrbios Oromastigatórios: A Relação com a Dor de Cabeça

Os distúrbios oromastigatórios (problemas relacionados à mastigação e à articulação temporomandibular, a ATM) são muito comuns em pessoas com dores de cabeça. A disfunção da ATM pode causar dor facial, dores de cabeça tensionais e até migrânea, pois a mastigação excessiva, o ranger de dentes ou os movimentos repetitivos da mandíbula podem gerar uma sobrecarga muscular na região da cabeça e pescoço.

  • Bruxismo (ranger ou apertar os dentes), especialmente durante o sono, é uma condição frequentemente associada a dores de cabeça. O esforço repetido dos músculos da mandíbula pode levar a dores intensas e crises de enxaqueca.
  • Disfunção da ATM: Alterações nessa articulação também podem gerar dores de cabeça (muitas vezes na região frontal e nas têmporas) e estalos ou dificuldades para abrir a boca.

O tratamento para esses distúrbios geralmente envolve o uso de placas de mordida para aliviar a pressão sobre a ATM, terapia física, e relaxantes musculares, além do acompanhamento com dentistas e fisioterapeutas especializados.


😴 Apneia do Sono: Quando a Respiração Afeta a Dor

A apneia do sono é um distúrbio do sono no qual a respiração da pessoa é interrompida várias vezes durante a noite, o que leva a uma redução na qualidade do sono e a uma falta de oxigênio no cérebro. Isso pode resultar em dores de cabeça pela manhã (principalmente tipo tensional ou até enxaqueca) e fadiga excessiva durante o dia.

Pessoas com apneia do sono geralmente apresentam uma falta de descanso reparador, o que favorece o desencadeamento de crises de dor. Além disso, a hipóxia (falta de oxigênio) pode sensibilizar mais as vias nervosas da dor.

Se você tem ronco intenso, sensação de cansaço excessivo pela manhã ou dificuldade para se concentrar, é importante investigar a possibilidade de apneia do sono. O tratamento pode envolver o uso de CPAP (equipamento para ajudar a manter as vias aéreas abertas durante o sono) e mudanças de estilo de vida, como a perda de peso e o abandono do tabagismo.


🏃‍♀️ Estilo de Vida: A Conexão com a Dor

O estilo de vida desempenha um papel fundamental no controle das dores de cabeça e na presença de comorbidades. A falta de atividade física, o estresse elevado, a má alimentação, e o uso excessivo de substâncias (como cafeína e álcool) podem contribuir significativamente para o agravamento das dores de cabeça e das comorbidades associadas.

  • Exercícios físicos regulares ajudam a reduzir a tensão muscular, melhorar a circulação sanguínea e liberar endorfinas, que são analgésicas naturais. Além disso, ajudam a reduzir os sintomas de ansiedade e depressão.
  • Técnicas de relaxamento como a meditação e o alongamento podem ser muito úteis para reduzir os níveis de estresse e a frequência das crises de dor.


🤝 O Tratamento Integrado

Para o tratamento eficaz das dores de cabeça, é essencial considerar não apenas a dor em si, mas também as comorbidades associadas. A abordagem multidisciplinar, envolvendo neurologista, psicoterapeuta, dentista e especialista em sono, pode oferecer um tratamento mais completo e eficaz, com um plano de tratamento que englobe tanto os sintomas da dor quanto as condições associadas.

  • Medicamentos: É possível que o tratamento para dores de cabeça também envolva medicamentos para controlar ansiedade, depressão, ou distúrbios oromastigatórios (como relaxantes musculares).
  • Mudanças no estilo de vida: Adotar uma rotina saudável, melhorar o sono, reduzir o estresse, realizar atividades físicas e manter uma alimentação balanceada são atitudes que ajudam a reduzir a frequência e a intensidade das crises de dor.


💬 Quando Procurar Ajuda?

Se você sofre de dores de cabeça crônicas e sente que outros sintomas como ansiedade, dificuldade para dormir, estresse elevado ou dor na mandíbula estão presentes, é importante procurar orientação médica para avaliar se há comorbidades associadas. O tratamento eficaz para as comorbidades pode ter um impacto significativo no controle da dor de cabeça e na sua qualidade de vida.


Dr. Júnior Vasconcelos
Neurologista – CRM 219464 | RQE 124426
Especialista no diagnóstico e tratamento de dores de cabeça

 

🤕 Neuralgia do Trigêmeo e SUNCT/SUNA: Como Diferenciar e Tratar

10 junho, 2025



A dor facial intensa é um sintoma que pode ser causado por diferentes condições neurológicas. Neuralgia do trigêmeo e SUNCT/SUNA (Siglas para "Short-lasting Unilateral Neuralgiform headache attacks with Conjunctival injection and Tearing" e "Short-lasting Unilateral Neuralgiform headache attacks with Autonomic symptoms", respectivamente) são dois distúrbios que compartilham sintomas similares, mas exigem abordagens de tratamento muito distintas.

Muitas pessoas que sofrem dessas dores, inicialmente, podem pensar que estão lidando com a mesma condição. No entanto, é crucial entender as diferenças entre elas, pois os tratamentos não são os mesmos e, portanto, o diagnóstico correto faz toda a diferença no alívio da dor e na recuperação do bem-estar.


🧠 O que é a Neuralgia do Trigêmeo?

A neuralgia do trigêmeo é uma condição caracterizada por episódios de dor intensa e súbita, geralmente em um lado do rosto, que dura apenas alguns segundos ou minutos. A dor é muitas vezes descrita como uma sensação de queimação, choque elétrico ou dor aguda. Ela ocorre devido a uma irritação ou compressão do nervo trigêmeo, que é responsável pela sensação do rosto, incluindo os lábios, olhos, dentes, mandíbula e testa.

A dor da neuralgia do trigêmeo costuma ser desencadeada por estímulos muito simples, como:

  • Tocar a face
  • Mastigar
  • Falar
  • O vento no rosto
  • Escovar os dentes

Ela costuma aparecer em episódios curtos e pode afetar qualquer uma das três ramificações do nervo trigêmeo (ocular, maxilar e mandibular). Cada crise é extremamente dolorosa, mas entre os episódios, os pacientes geralmente não sentem dor.

A neuralgia do trigêmeo é mais comum em pessoas mais velhas e pode ser tratada com medicações anticonvulsivantes como a carbamazepina, que ajuda a estabilizar os nervos e reduzir as crises.


🌟 O que é a SUNCT/SUNA?

Agora, vamos falar sobre o SUNCT e o SUNA, dois distúrbios raros que também causam dor intensa no rosto, mas têm algumas diferenças notáveis em relação à neuralgia do trigêmeo.

SUNCT (Short-lasting Unilateral Neuralgiform headache attacks with Conjunctival Injection and Tearing)

A SUNCT é uma condição caracterizada por crises de dor intensa e lancinante em um lado do rosto, geralmente em torno da área dos olhos. A principal diferença da neuralgia do trigêmeo é que a dor é associada a sintomas autonômicos, e dois em especial estão presentes:

  • Vermelhidão no olho (injeção conjuntival)
  • Lacrimejamento excessivo

Essas crises são muito curtas, mas podem ocorrer várias vezes ao dia (até 100 vezes por dia, em casos graves), e duram entre 1 a 600 segundos. A dor é intensa e de início abrupto, e pode ser desencadeada por movimentos oculares ou toques na área ao redor dos olhos.

SUNA (Short-lasting Unilateral Neuralgiform headache attacks with Autonomic symptoms)

O SUNA é semelhante à SUNCT, mas a dor não é necessariamente associada à vermelhidão ocular ou lacrimejamento. Em vez disso, a dor pode vir com outros sintomas autonômicos, como:

  • Sudorese ou edema da face
  • Congestão nasal
  • Lacrimejamento, embora menos intenso que na SUNCT
  • Queda da pálpebra

A dor também é unilateral e de início abrupto, com episódios muito curtos, mas ocorre com a mesma frequência que a SUNCT — várias vezes ao dia — e tem a mesma intensidade e qualidade.


Como Diferenciar Neuralgia do Trigêmeo de SUNCT/SUNA?

Embora neuralgia do trigêmeo e SUNCT/SUNA compartilhem a dor facial intensa e de curta duração, algumas características importantes ajudam a diferenciá-las:

  • Localização da dor: A neuralgia do trigêmeo geralmente afeta uma região mais ampla do rosto, incluindo mandíbula, bochecha, e testa, enquanto a SUNCT/SUNA está concentrada ao redor dos olhos, principalmente na área da órbita.
  • Sintomas autonômicos: A SUNCT/SUNA é acompanhada por sintomas autonômicos, como lacrimejamento, vermelhidão ocular ou congestão nasal, o que não ocorre com frequência na neuralgia do trigêmeo. Esses sintomas podem ser mais evidentes na SUNCT, mas também podem aparecer no SUNA.
  • Frequência das crises: Na neuralgia do trigêmeo, as crises ocorrem com uma frequência bem menor, geralmente de uma a várias vezes por dia, mas em intervalos mais espaçados. Já as crises de SUNCT/SUNA podem ocorrer até 100 vezes por dia, com duração muito curta, mas repetitiva.
  • Resposta ao tratamento: A neuralgia do trigêmeo responde bem ao tratamento com anticonvulsivantes como a carbamazepina, enquanto SUNCT/SUNA requer uma abordagem terapêutica diferente, com medicações como o lamotrigina e, em casos graves, bloqueios do nervo trigêmeo.


💊 Como Tratar a Neuralgia do Trigêmeo, SUNCT e SUNA?

1. Tratamento da Neuralgia do Trigêmeo

A carbamazepina é a primeira linha de tratamento para a neuralgia do trigêmeo e é altamente eficaz para a maioria dos pacientes. Se não houver resposta, outras opções incluem oxcarbazepina e, em casos mais graves, pode ser necessária uma abordagem mais invasiva, como cirurgia ou radiofrequência do nervo trigêmeo.

2. Tratamento do SUNCT/SUNA

A SUNCT/SUNA geralmente não responde bem aos medicamentos usados para a neuralgia do trigêmeo, como a carbamazepina. Para essas condições, tratamentos como:

  • Lamotrigina (um anticonvulsivante)
  • Topiramato e gabapentina
  • Bloqueios nervosos também podem ser indicados em casos resistentes

 

⚠️ A Importância do Diagnóstico Correto

O diagnóstico preciso dessas condições é fundamental, pois, como vimos, os tratamentos podem ser radicalmente diferentes. Confundir neuralgia do trigêmeo com SUNCT/SUNA pode resultar em tratamentos ineficazes e em um aumento no sofrimento do paciente.

Se você está apresentando dor facial intensa, queimação, sensação de choque elétrico, lacrimejamento ou vermelhidão nos olhos, é fundamental procurar um neurologista especializado. O diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença no sucesso do tratamento e na sua qualidade de vida.


Dr. Júnior Vasconcelos
Neurologista – CRM 219464 | RQE 124426
Especialista no diagnóstico e tratamento de dores de cabeça

 

💥 Cefaleia em salvas: a dor de cabeça mais intensa que existe

10 junho, 2025



Imagine uma dor de cabeça tão intensa que leva uma pessoa a se contorcer, chorar ou até gritar de dor. Uma dor que aparece de forma súbita, sempre no mesmo lado da cabeça, em horários semelhantes, acompanhada de lacrimejamento, nariz entupido e inquietação intensa. Esse é o retrato da cefaleia em salvas, considerada por muitos especialistas como a pior dor que o ser humano pode sentir.

Embora não seja tão comum quanto a enxaqueca, essa condição é extremamente incapacitante e devastadora. Durante uma crise, é comum que o paciente não consiga se concentrar, trabalhar ou até mesmo permanecer parado. A dor é descrita como insuportável. Tão intensa que, em muitos casos, já foi chamada de "cefaleia suicida" — pois alguns pacientes chegam a ter pensamentos suicidas durante as crises, devido ao nível extremo de sofrimento.

Por isso, conviver com a cefaleia em salvas sem tratamento adequado não é apenas uma questão de dor física — é uma ameaça direta à saúde mental e à qualidade de vida.

Neste artigo, você vai entender o que é essa doença, como ela se manifesta e como buscar ajuda médica especializada.


🧠 O que é a cefaleia em salvas?

A cefaleia em salvas é um tipo de cefaleia primária, ou seja, não é causada por outra doença estrutural, embora isso sempre deva ser investigado (como veremos adiante). Ela pertence a um grupo chamado de cefaleias trigêmino-autonômicas, caracterizado por dores intensas associadas a sintomas como lacrimejamento, congestão nasal e vermelhidão ocular — geralmente no mesmo lado da dor.

A dor surge em crises abruptas, com duração entre 15 minutos a 3 horas, podendo ocorrer até oito vezes por dia durante o período ativo da doença — chamado de “salva”.


🔥 Sintomas típicos da cefaleia em salvas

Os sinais clínicos são bem característicos:

  • Dor extremamente intensa, unilateral, ao redor ou atrás de um dos olhos
  • Lacrimejamento e vermelhidão ocular
  • Nariz entupido ou escorrendo do mesmo lado da dor
  • Inchaço ou queda da pálpebra
  • Sudorese na testa ou face
  • Sensação de inquietação intensa (o paciente não consegue ficar parado)

As crises surgem em períodos cíclicos (salvas), que podem durar semanas a meses, seguidos por intervalos sem dor (remissão). Algumas pessoas, no entanto, desenvolvem uma forma crônica, com crises frequentes e sem remissões definidas.


⏱️ Ritmo e padrão das crises

As crises geralmente acontecem:

  • Sempre no mesmo horário do dia ou da noite (muitas vezes durante o sono)
  • Em épocas específicas do ano, como mudanças de estação

Esse padrão sugere a participação do hipotálamo, estrutura cerebral envolvida no controle do ritmo biológico (ciclo circadiano), sono e dor.


👤 Quem pode ter cefaleia em salvas?

Embora qualquer pessoa possa ser afetada, o perfil mais comum inclui:

  • Homens e mulheres entre 20 e 50 anos
  • Histórico de tabagismo
  • Predisposição genética (apesar de muitos não terem familiares com o mesmo quadro)

Mas é importante lembrar: idosos e até crianças também podem apresentar a doença, ainda que menos frequentemente.


Diagnóstico: atenção aos sinais e à investigação

Apesar de possuir um padrão clínico bastante característico, a cefaleia em salvas ainda é frequentemente subdiagnosticada ou confundida com outras condições, como:

  • Sinusite
  • Enxaqueca com aura
  • Neuralgia do trigêmeo
  • Glaucoma agudo

Esse erro diagnóstico atrasa o tratamento adequado e prolonga o sofrimento do paciente.

Além de uma avaliação clínica detalhada, é fundamental que o neurologista solicite exames de imagem, como ressonância magnética do crânio e órbita, para excluir causas secundárias, como:

  • Lesões expansivas na região do hipotálamo
  • Aneurismas
  • Tumores na base do crânio
  • Alterações inflamatórias na órbita

Mesmo sendo uma cefaleia primária na maioria dos casos, é essencial garantir que nenhuma causa estrutural esteja por trás das crises.


💊 Tratamento: o que funciona?

O tratamento da cefaleia em salvas é dividido em:

1. Tratamento das crises agudas (alívio imediato)

Devido à rapidez e intensidade da dor, o tratamento precisa ser efetivo e de ação rápida. Os mais utilizados são:

  • Oxigênio a 100% por máscara facial, em fluxo alto (12–15 L/min por 15–20 minutos)
  • Sumatriptano injetável ou em spray nasal

Importante: analgésicos comuns não funcionam para esse tipo de dor.

2. Tratamento preventivo (interromper o ciclo de salvas)

O objetivo é reduzir a frequência, duração e intensidade das crises durante o período de salvas:

  • Verapamil (bloqueador de canal de cálcio) é a primeira escolha
  • Anticorpo monoclonal
  • Corticosteroides orais em curto prazo para controle rápido
  • Outras opções: lítio, topiramato, melatonina
  • Bloqueios anestésicos de nervos pericranianos, como o bloqueio do nervo occipital, podem ser úteis em casos selecionados e são bem tolerados

O acompanhamento com neurologista especializado em cefaleias é fundamental para monitorar efeitos, ajustar doses e prevenir complicações.


🚨 Quando procurar ajuda?

Se você apresenta crises de dor intensas, unilaterais, com lacrimejamento, nariz entupido e agitação durante os episódios — especialmente se elas ocorrem em padrões repetitivos e cíclicos — procure avaliação neurológica o quanto antes.

Quanto mais cedo o diagnóstico correto for feito, mais chances de controlar a dor com segurança e eficácia.


🧩 Convivendo com a cefaleia em salvas

Embora não exista cura definitiva, existe tratamento eficaz. Muitos pacientes conseguem passar longos períodos sem crises quando bem acompanhados. Além das medicações, alguns cuidados adicionais fazem diferença:

  • Evitar o álcool durante as salvas (pode disparar uma crise quase imediata)
  • Dormir bem e com rotina regular
  • Evitar tabagismo e outras substâncias vasodilatadoras
  • Reconhecer sinais de início de uma nova salva para agir precocemente


🙌 Você não está sozinho

A cefaleia em salvas pode ser devastadora, mas você não precisa conviver com essa dor em silêncio. O sofrimento é real, validado pela ciência, e existem caminhos eficazes para o alívio e o controle da doença.

Com acompanhamento especializado e um plano de tratamento individualizado, é possível retomar a qualidade de vida e afastar o medo constante das próximas crises.


Dr. Júnior Vasconcelos
Neurologista – CRM 219464 | RQE 124426
Especialista no diagnóstico e tratamento de dores de cabeça

 

🍽️ Estilo de vida e alimentação: o que você pode mudar hoje para ter menos dor de cabeça

10 junho, 2025



Você sabia que o que você come, como dorme e até o quanto se movimenta podem influenciar diretamente suas dores de cabeça?

A enxaqueca e outros tipos de dor de cabeça crônica não são apenas problemas isolados do cérebro. Eles são o resultado de um desequilíbrio mais amplo no corpo, e fatores como alimentação, sono, estresse e saúde intestinal têm um papel fundamental nesse processo.

Vamos explorar juntos o que a ciência já sabe sobre a relação entre alimentação, estilo de vida e dor de cabeça, e o que você pode começar a mudar hoje mesmo para ter mais saúde e qualidade de vida.


🧠 Alimentação e dor de cabeça: mais do que gatilhos

É comum ouvirmos que certos alimentos "dão dor de cabeça" — como chocolate, queijos curados, embutidos ou vinho tinto. E de fato, esses alimentos são gatilhos reconhecidos para algumas pessoas com enxaqueca.

Mas a alimentação vai muito além dos gatilhos. Ela influencia todo o funcionamento do corpo e do cérebro — incluindo os mecanismos de dor, inflamação e controle neurológico. E isso começa, literalmente, no intestino.


🔗 Eixo intestino-cérebro: a ligação entre microbiota e dor

Você já ouviu falar do eixo intestino-cérebro? Trata-se da comunicação bidirecional entre o intestino e o sistema nervoso central. O intestino é muito mais do que um órgão digestivo: ele abriga trilhões de micro-organismos — a chamada microbiota intestinal — que participam da regulação do metabolismo, da imunidade e da própria atividade cerebral.

Uma microbiota saudável:

  • Regula a produção de neurotransmissores como a serotonina, relacionada ao humor e à dor.
  • Fortalece a barreira intestinal, evitando a entrada de substâncias inflamatórias na corrente sanguínea.
  • Modula a inflamação sistêmica, um fator importante nas dores crônicas.


🚨 O que acontece com uma dieta ruim?

Dietas ricas em alimentos ultraprocessados, açúcar refinado, gorduras saturadas e aditivos artificiais podem causar:

  • Desequilíbrio da microbiota intestinal (disbiose)
  • Aumento da permeabilidade intestinal, conhecido como leaky gut ("intestino permeável")
  • Maior entrada de substâncias pró-inflamatórias no organismo
  • Maior sensibilização do sistema nervoso à dor

Esses processos estão associados ao aumento da frequência e intensidade das dores de cabeça, especialmente nas enxaquecas.


🥦 Dietas equilibradas ajudam a proteger o cérebro

Por outro lado, uma dieta anti-inflamatória e equilibrada pode ser protetora contra a dor de cabeça.

Dentre os padrões alimentares mais recomendados estão:

  • A dieta mediterrânea, rica em frutas, vegetais, grãos integrais, azeite de oliva, peixes e oleaginosas
  • Dietas ricas em fibras, que alimentam a microbiota intestinal benéfica
  • Alimentações com baixa carga glicêmica, evitando picos e quedas de açúcar no sangue (hipoglicemia também é um gatilho!)

Manter uma dieta equilibrada ajuda a reduzir a inflamação sistêmica, estabiliza o funcionamento do sistema nervoso e contribui para um organismo mais resistente aos gatilhos da dor.


🧂 Magnésio: um nutriente com papel chave na dor

O magnésio é um mineral essencial no controle da enxaqueca e frequentemente está em níveis baixos em pacientes com dor de cabeça crônica.

Ele atua:

  • Regulando a função neuromuscular
  • Diminuindo a excitabilidade neuronal (efeito calmante sobre o cérebro)
  • Ajudando a reduzir a liberação de substâncias inflamatórias
  • Contribuindo para a qualidade do sono e controle do estresse

Fontes naturais de magnésio incluem:

  • Vegetais verdes escuros (espinafre, couve)
  • Castanhas, nozes e amêndoas
  • Sementes (abóbora, chia)
  • Grãos integrais
  • Abacate, banana

Em alguns casos, pode ser indicado o uso de suplementação de magnésio, especialmente nas formas citrato ou glicinato, que têm boa absorção. Mas essa indicação deve ser feita por um médico, com base na avaliação clínica.


🧘 Estilo de vida: pilares que influenciam diretamente a dor crônica

Além da alimentação, o nosso corpo precisa de rotinas saudáveis para funcionar bem — e isso vale especialmente para quem convive com dores de cabeça frequentes ou enxaqueca crônica. Hábitos como o sono, a hidratação, a atividade física e o controle do estresse são fatores-chave que modulam a sensibilidade do sistema nervoso.

A seguir, veja como cada um desses pilares pode ajudar a prevenir ou, ao contrário, agravar os quadros de dor.


💤 1. Sono: o cérebro precisa descansar para processar a dor

O sono não é apenas um descanso — ele é um processo ativo de regeneração cerebral. Durante o sono profundo, o cérebro reorganiza conexões, regula a liberação de neurotransmissores e reduz a atividade inflamatória.

👉 Em pessoas com enxaqueca e dor crônica, noites mal dormidas aumentam a sensibilidade do cérebro à dor. A privação de sono ou mesmo um sono fragmentado (com muitos despertares) pode:

  • Disparar crises de dor de cabeça no dia seguinte
  • Reduzir a eficácia dos analgésicos
  • Estimular a liberação de substâncias inflamatórias

Além disso, dormir demais ou em horários muito irregulares também pode ser um gatilho. Por isso, manter uma rotina regular de sono é fundamental.


💧 2. Hidratação: a água ajuda o cérebro a funcionar bem

O cérebro é composto por cerca de 75% de água. A desidratação, mesmo que leve, pode comprometer o metabolismo cerebral e levar à vasodilatação compensatória dos vasos sanguíneos cerebrais — o que é um dos gatilhos clássicos da enxaqueca.

👉 Em pessoas com dor crônica, a desidratação pode:

  • Intensificar a percepção da dor
  • Provocar fadiga e queda de concentração
  • Aumentar a frequência de crises

Beber água regularmente ao longo do dia é uma medida simples e extremamente eficaz para prevenir dores de cabeça e manter o sistema nervoso equilibrado.


🚶‍♀️ 3. Atividade física: movimento como remédio

O exercício físico regular tem ação anti-inflamatória natural e estimula a produção de endorfinas, que são neurotransmissores com efeito analgésico e de bem-estar.

👉 Em pacientes com dor crônica, o sedentarismo contribui para:

  • Aumento da rigidez muscular e da tensão postural
  • Redução da tolerância ao estresse
  • Piora do humor e do sono, favorecendo o “círculo da dor”

Por outro lado, a atividade física moderada:

  • Reduz a frequência e a intensidade das dores
  • Melhora o sono, o humor e a qualidade de vida
  • Estimula a autorregulação da dor pelo sistema nervoso

Importante: a prática deve ser adaptada à realidade do paciente, evitando excessos ou atividades que provoquem dor. Caminhadas, alongamentos, pilates, natação ou yoga são ótimas opções para começar.


😣 4. Estresse crônico: o cérebro em alerta constante

O estresse é um dos gatilhos mais comuns e conhecidos das dores de cabeça. Ele ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, elevando os níveis de cortisol e promovendo um estado de hipervigilância do sistema nervoso.

👉 Quando esse estado de alerta se mantém por muito tempo, o cérebro fica:

  • Mais sensível à dor (fenômeno conhecido como sensibilização central)
  • Menos responsivo a estímulos normais, que passam a ser percebidos como dor
  • Propenso a crises mais longas e frequentes

Por isso, técnicas de manejo do estresse são parte essencial do tratamento. Isso inclui:

  • Psicoterapia (especialmente TCC)
  • Meditação e mindfulness
  • Respiração consciente
  • Hobbies e tempo de qualidade longe de telas


💡 Pequenas mudanças que fazem grande diferença

Você não precisa transformar sua rotina de uma vez. Mas pequenas ações diárias — como beber mais água, dormir melhor e se movimentar um pouco mais — já são um passo real e concreto na prevenção da dor.


O que você pode começar a fazer hoje?

  • Comece o dia com um café da manhã nutritivo, sem pular refeições.
  • Leve uma garrafinha de água e se hidrate regularmente.
  • Inclua mais vegetais frescos e alimentos integrais na sua alimentação.
  • Estabeleça um horário fixo para dormir e acordar — inclusive nos fins de semana.
  • Se possível, pratique atividade física leve a moderada, como caminhada, bicicleta ou alongamento.
  • Observe seu padrão alimentar e anote as crises: autoconhecimento é parte do tratamento.


🎯 Conclusão: tratar a dor de cabeça também é cuidar do estilo de vida

Você não precisa esperar pela próxima crise para agir. Alimentação equilibrada, sono de qualidade, hidratação e gerenciamento do estresse são pilares reais e eficazes no controle da dor de cabeça.

Com a orientação certa, é possível reduzir a frequência das crises, melhorar a resposta aos medicamentos e recuperar qualidade de vida. Se você tem sofrido com dores recorrentes, busque ajuda: um acompanhamento com neurologista pode transformar sua relação com a dor.


Dr. Júnior Vasconcelos
Neurologista – CRM 219464 | RQE 124426
Especialista no diagnóstico e tratamento de dores de cabeça

 

🧠 Dor de cabeça e hormônios: o que muda durante o ciclo menstrual, gravidez e menopausa

10 junho, 2025



Você já percebeu que suas dores de cabeça parecem ter um padrão ligado ao ciclo menstrual, à gravidez ou à menopausa? Isso não é coincidência. A relação entre hormônios e dor de cabeça, especialmente a enxaqueca, é bem conhecida e estudada na medicina.

Ao longo da vida da mulher, os hormônios — especialmente o estrogênio e a progesterona — passam por grandes variações, que influenciam diretamente o sistema nervoso e podem desencadear crises de dor. Neste artigo, vamos explicar de forma clara e com base científica como essas mudanças afetam a dor de cabeça e quais são as estratégias mais modernas para tratamento e prevenção.


1. Enxaqueca e ciclo menstrual: quando o hormônio vira gatilho

Durante o ciclo menstrual, os níveis de estrogênio variam naturalmente. Nos dias que antecedem a menstruação, ocorre uma queda acentuada desse hormônio, o que pode sensibilizar o cérebro de mulheres com predisposição genética à enxaqueca.

A enxaqueca menstrual pode ocorrer:

  • Exclusivamente no período menstrual, em um padrão bem previsível.
  • De forma agravada nesse período, em quem já sofre com enxaquecas em outros momentos.

Essas crises costumam ser:

  • Mais longas
  • Mais intensas
  • Mais resistentes ao tratamento convencional


✔️ Opções de tratamento baseadas no perfil da paciente


→ Mulheres com ciclos regulares e crises apenas menstruais:

Essas pacientes podem se beneficiar de uma estratégia chamada mini profilaxia, ou seja, o uso temporário de medicamentos preventivos apenas nos dias críticos do ciclo.

Essa abordagem pode incluir:

  • Triptanos, medicamentos específicos para enxaqueca, tomados 1 a 2 dias antes da menstruação e mantidos por até 5 dias.
  • Anti-inflamatórios (AINEs), como o naproxeno, que ajudam a bloquear os processos inflamatórios que fazem parte da enxaqueca.
  • Analgésicos comuns podem ser combinados, sempre sob prescrição médica.

Essa estratégia reduz a intensidade e frequência das crises sem necessidade de medicação contínua.


→ Mulheres com ciclos irregulares ou dor fora da menstruação:

Para essas pacientes, pode ser difícil prever os dias de crise. Nesses casos, pode ser indicada a regulação hormonal com auxílio do ginecologista. Isso pode incluir:

  • Anticoncepcionais de uso contínuo, com o objetivo de induzir amenorreia (ausência da menstruação), evitando assim as variações hormonais que disparam a enxaqueca.
  • Outras terapias hormonais que estabilizam os níveis de estrogênio.

Essa conduta pode ser especialmente útil em casos mais graves ou quando outras abordagens não funcionam.


⚠️ Cuidado com o uso de hormônios em enxaqueca com aura

Mulheres que sofrem de enxaqueca com aura — aquela que vem acompanhada de sintomas visuais (luzes, manchas, visão turva) ou outros sintomas neurológicos — devem ter atenção redobrada. O uso de anticoncepcionais combinados com estrogênio pode aumentar o risco de trombose e AVC nessas pacientes. Por isso, o uso de qualquer terapia hormonal deve ser feito com avaliação neurológica e ginecológica cuidadosa, considerando alternativas mais seguras, como progestagênios isolados ou tratamentos não hormonais.


🤰 2. Gravidez: um período de grandes mudanças — nem sempre com alívio

Durante a gravidez, especialmente no primeiro trimestre, algumas mulheres experimentam aumento das dores de cabeça, enquanto outras notam uma melhora significativa — geralmente a partir do segundo trimestre. Isso acontece porque o corpo passa por uma verdadeira revolução hormonal, com níveis altos e relativamente estáveis de estrogênio e progesterona mais adiante na gestação.


🧩 Fatores que podem piorar a dor de cabeça no início da gravidez:

  • Flutuações hormonais intensas
  • Baixo nível de açúcar no sangue
  • Alterações do sono e cansaço
  • Desidratação e náuseas
  • Suspensão de medicamentos usados antes da gestação


Opções seguras para controle da dor na gestação

O tratamento medicamentoso na gravidez é sempre mais restrito. Por isso, é importante ter opções não medicamentosas, eficazes e seguras.

Uma dessas opções é o bloqueio anestésico de nervos pericranianos, um procedimento que consiste na aplicação de anestésicos locais em pontos específicos da cabeça e do pescoço, como ao longo dos nervos occipitais e outros nervos pericranianos, que costumam estar envolvidos na dor.

Esse procedimento:

  • É seguro para a gestante e o bebê
  • Ajuda a controlar crises intensas
  • Pode ser repetido quando necessário, sob orientação médica

Outras medidas que ajudam:

  • Hidratação frequente
  • Sono regular
  • Evitar jejum prolongado
  • Técnicas de relaxamento, como acupuntura, yoga ou fisioterapia

👩‍🦳 3. Perimenopausa e menopausa: a dor de cabeça pode mudar de padrão

Na perimenopausa, período de transição antes do fim definitivo da menstruação, há uma oscilação hormonal intensa. Essas variações podem piorar ou desencadear enxaquecas em mulheres que nunca haviam tido antes.

Na menopausa, quando os níveis hormonais se estabilizam em patamares baixos, algumas mulheres relatam melhora, mas outras continuam tendo crises ou até percebem piora da intensidade e frequência.


💊 Opções de tratamento nesta fase

Terapia de reposição hormonal (TRH) pode ser benéfica em algumas mulheres, especialmente na perimenopausa, para estabilizar os níveis hormonais. No entanto, essa abordagem deve ser avaliada com cuidado:

  • Não é indicada para todas as pacientes
  • Pode ser contraindicada em mulheres com enxaqueca com aura ou fatores de risco vascular


Quando há necessidade, pode-se considerar:

  • Terapias preventivas contínuas, como:
    • Betabloqueadores
    • Antidepressivos tricíclicos em baixas doses
    • Anticonvulsivantes
    • Anticorpos monoclonais
  • Suporte multidisciplinar com psicologia, nutrição e fisioterapia

Cada caso deve ser avaliado individualmente, com um plano terapêutico adaptado à fase da vida, tipo de enxaqueca e presença de outros fatores clínicos.


🟢 Conclusão: dor de cabeça hormonal tem tratamento e pode ser controlada

A relação entre hormônios e dores de cabeça, principalmente a enxaqueca, é complexa, mas conhecida e tratável. Saber identificar padrões relacionados ao ciclo menstrual, gestação ou menopausa é o primeiro passo para buscar ajuda especializada.

O acompanhamento com um neurologista — muitas vezes em parceria com o ginecologista — pode proporcionar um plano de tratamento eficaz e individualizado, melhorando muito a qualidade de vida da paciente.

Se você percebe que suas dores de cabeça seguem um padrão cíclico ou mudaram com as fases hormonais da vida, não ignore esses sinais. Tratamento existe — e o alívio também.


Dr. Júnior Vasconcelos
Neurologista – CRM 219464 | RQE 124426
Especialista no diagnóstico e tratamento de dores de cabeça

 

Quando a dor de cabeça é um sinal de alerta?

10 junho, 2025



A dor de cabeça é um problema comum e, na maioria das vezes, não é grave. Muitas vezes, ela está relacionada ao estresse, falta de sono ou até mesmo a uma má postura. Porém, em alguns casos, a dor de cabeça pode ser um sinal de alerta para condições mais sérias, como um acidente vascular cerebral (AVC), tumores cerebrais ou problemas relacionados à pressão intracraniana.

Neste artigo, vamos explicar quando a dor de cabeça deve ser encarada com mais atenção e quando é fundamental procurar um médico urgentemente.

Quais são os sinais de alerta?

Nem toda dor de cabeça é motivo para preocupação, mas é importante conhecer alguns sintomas associados que podem indicar que algo mais grave está acontecendo. Os sinais de alerta para dor de cabeça incluem:

 

1. Dor de cabeça súbita e intensa

Se você de repente sente uma dor de cabeça muito forte, como uma "explosão" na cabeça, isso pode ser um sinal de aneurisma ou até de um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico. Esse tipo de dor é chamado de "dor de cabeça em trovoada" e geralmente é muito mais intensa do que a dor habitual de enxaqueca ou cefaleia tensional.

 

2. Alterações neurológicas associadas à dor

Quando a dor de cabeça vem acompanhada de outros sintomas como:

  • Dificuldade para falar ou entender palavras
  • Fraqueza ou formigamento em um lado do corpo
  • Perda de visão ou visão dupla
  • Confusão mental ou falta de coordenação

Esses sintomas podem indicar um AVC ou outros problemas neurológicos graves e exigem atendimento médico imediato.

 

3. Dor de cabeça com febre e rigidez no pescoço

Se você tiver dor de cabeça intensa associada a febre alta e rigidez no pescoço, pode ser um sinal de meningite, uma inflamação nas membranas que cobrem o cérebro e a medula espinhal. Essa condição também é uma emergência médica e deve ser tratada rapidamente.

 

4. Alterações na pressão ocular

Se você sentir dor de cabeça intensa junto a visão embaçada, halos coloridos ao redor das luzes ou dor nos olhos, pode ser um sinal de glaucoma — uma condição ocular que pode levar à perda de visão se não for tratada.

 

5. Dor de cabeça após trauma craniano

Se você sofreu algum tipo de trauma na cabeça (mesmo que leve) e depois apresentou uma dor de cabeça persistente, especialmente se acompanhada de náuseas, vômitos, confusão ou perda de memória, procure um médico. Isso pode ser um sinal de concussão ou lesão cerebral.

 

6. Alteração nos padrões de dor de cabeça

Se você tem um histórico de dores de cabeça (como enxaqueca ou cefaleia tensional) e começa a notar mudanças no padrão, como dor de cabeça mais intensa, mais frequente ou de início recente, é importante ser avaliado por um especialista.

 

7. Dor de cabeça em idosos

Em pacientes com mais de 50 anos, uma dor de cabeça nova ou mais intensa, especialmente se for diferente das dores de cabeça habituais, deve ser investigada com atenção. Alterações nos vasos sanguíneos do cérebro, como arterite temporal ou outros problemas de circulação, são mais comuns em idosos e podem ser a causa da dor de cabeça. Além disso, tumores cerebrais também podem se manifestar com dores de cabeça em idosos, exigindo avaliação médica cuidadosa.

 

8. Dor de cabeça em gestantes

Gestantes devem ter atenção redobrada quando se trata de dor de cabeça. Hipertensão arterial e pré-eclâmpsia (uma condição grave relacionada à gestação) podem se manifestar com dores de cabeça intensas, especialmente no segundo e terceiro trimestre. Se a dor for acompanhada de inchaço, alteração na visão ou aumento da pressão arterial, é fundamental procurar atendimento médico urgente.

Além disso, uma das complicações raras, mas graves, da gestação é a trombose venosa cerebral (TVC). Esta condição ocorre quando um coágulo sanguíneo bloqueia as veias que drenam o sangue do cérebro, podendo causar dor de cabeça severa, acompanhada de:

  • Náuseas e vômitos
  • Alterações na visão
  • Convulsões
  • Confusão ou perda de consciência

A trombose venosa cerebral é uma emergência médica que pode ocorrer em qualquer fase da gestação e necessita de diagnóstico e tratamento rápidos para evitar complicações mais graves.

 

9. Alterações do líquor (líquido cefalorraquidiano) e pressão intracraniana

Mudanças na pressão do líquido cefalorraquidiano ou no aumento da pressão intracraniana também podem se manifestar como dor de cabeça. Essas condições podem ocorrer em casos de hidrocefalia (acúmulo de líquido no cérebro), tumores cerebrais ou após certos tipos de cirurgia. A dor de cabeça nesses casos é frequentemente acompanhada de náuseas, vômitos, e pode ser pior pela manhã.


Quando procurar um médico?

Em situações como essas, não espere para ver se a dor passa. Quanto mais cedo a causa for diagnosticada, maiores as chances de sucesso no tratamento e menores os riscos de complicações graves.

Procurar atendimento médico imediato:

  • Quando a dor de cabeça for muito diferente das suas dores de cabeça habituais
  • Se houver algum dos sinais e sintomas mencionados acima
  • Se a dor de cabeça for muito forte e persistente, sem alívio com medicamentos comuns
  • Se a dor ocorrer pela primeira vez em uma pessoa com mais de 50 anos, especialmente em um quadro mais intenso

O que fazer quando a dor de cabeça for um sinal de alerta?

  • Não se automedique. Tomar remédios sem prescrição pode mascarar os sintomas e atrasar o diagnóstico correto.
  • Procure atendimento médico especializado assim que perceber sinais de alerta. O neurologista é o profissional mais indicado para fazer o diagnóstico adequado e indicar o tratamento correto.
  • Relate todos os sintomas com detalhes ao médico, incluindo a intensidade da dor, a duração e qualquer sintoma adicional que tenha surgido.


Conclusão: A dor de cabeça não precisa ser ignorada

Embora a dor de cabeça seja, na maioria das vezes, uma condição benigna, ela também pode ser um sinal importante de alerta para doenças mais graves. Ao prestar atenção aos sintomas associados e agir rapidamente, você pode evitar complicações e buscar o tratamento adequado.

Se você está preocupado com suas dores de cabeça ou percebeu algum dos sinais descritos, não hesite em procurar ajuda médica. O diagnóstico precoce é fundamental para garantir uma recuperação mais rápida e eficaz.


Dr. Júnior Vasconcelos
Neurologista – CRM 219464 | RQE 124426
Especialista no diagnóstico e tratamento de dores de cabeça

 

Analgésicos: quando o remédio para dor de cabeça vira o vilão

10 junho, 2025



Tomar um comprimido quando a dor de cabeça aparece é algo comum. Mas você sabia que o uso frequente de analgésicos pode causar ainda mais dor de cabeça?

Sim, isso acontece — e tem nome: cefaleia por uso excessivo de medicação, também conhecida como cefaleia rebote. Ela é mais comum do que se imagina e afeta justamente quem sofre de dores de cabeça frequentes, como enxaqueca ou cefaleia tensional.


O que é a cefaleia por uso excessivo de analgésicos?

Esse tipo de dor de cabeça acontece quando a pessoa usa analgésicos com frequência, acreditando que está se tratando — mas, na verdade, está alimentando o ciclo da dor.

O cérebro se acostuma com a presença constante do remédio, e quando ele sai do organismo, uma nova dor aparece. A pessoa toma outro comprimido, que alivia por um tempo, mas logo a dor retorna — e o ciclo continua.


Quais medicamentos podem causar este tipo de cefaleia?

Praticamente qualquer remédio usado para dor pode causar esse efeito, principalmente quando usado por muitos dias no mês. Os mais comuns são:

  • Dipirona, paracetamol
  • Anti-inflamatórios (ibuprofeno, naproxeno, diclofenaco)
  • Triptanos (usados para enxaqueca)
  • Comprimidos combinados com cafeína ou codeína


⚠️ Atenção especial aos opioides:

Medicamentos opioides, como codeína, tramadol e morfina, não devem ser usados no tratamento das cefaleias primárias (como enxaqueca e cefaleia tensional). Além de alto risco de dependência, eles podem piorar a dor a longo prazo e aumentar muito a chance de cefaleia rebote.
Seu uso em dor de cabeça é contraindicado nas diretrizes nacionais e internacionais.

Como saber se estou usando analgésicos em excesso?

Alguns sinais que indicam risco:

  • Você toma medicação para dor mais de duas vezes por semana
  • A dor está ficando mais frequente e menos responsiva
  • Sente que precisa do remédio para “aguentar o dia”
  • Já tentou vários tipos de analgésicos e a dor persiste


Existe solução? Sim — e ela começa com o tratamento adequado

O primeiro passo é interromper o uso frequente de analgésicos. Isso deve ser feito com acompanhamento médico, pois o organismo precisa de tempo para se reajustar.

Durante esse processo, podemos lançar mão de diferentes estratégias:

  • Tratamentos preventivos específicos, como antidepressivos, betabloqueadores ou anticorpos monoclonais
  • Mudanças no estilo de vida, como melhora do sono, atividade física e controle do estresse
  • Técnicas não medicamentosas, como acupuntura, fisioterapia ou relaxamento


Bloqueios anestésicos: uma ajuda eficaz na transição

Uma opção importante — especialmente durante a retirada dos analgésicos — são os bloqueios anestésicos de nervos pericranianos. Essa técnica consiste em aplicar anestésicos locais (às vezes associados a corticoides) em pontos específicos da cabeça e pescoço, como o nervo occipital maior.

Esses bloqueios podem:

  • Reduzir rapidamente a dor durante a fase de desintoxicação
  • Ajudar o paciente a reduzir o uso de medicações
  • Servir como ponte para o início de tratamentos preventivos

O procedimento é realizado em consultório, é seguro, minimamente invasivo e pode oferecer alívio significativo e praticamente imediato.


Conclusão: o remédio certo no momento certo faz toda a diferença

A automedicação com analgésicos pode parecer inofensiva, mas no caso das cefaleias, pode agravar o problema. A boa notícia é que existem tratamentos eficazes, modernos e individualizados que podem quebrar esse ciclo de dor.

Se você tem dores frequentes e está usando remédio com muita frequência, procure um neurologista especializado. O primeiro passo é entender o que está por trás da sua dor.


Dr. Júnior Vasconcelos
Neurologista – CRM 219464 | RQE 124426
Especialista no diagnóstico e tratamento de dores de cabeça

 

Enxaqueca: conheça os tratamentos mais modernos e eficazes

10 junho, 2025



A enxaqueca é uma das condições neurológicas mais comuns e incapacitantes no mundo. E embora exista tratamento há décadas, muitos pacientes ainda convivem com dor frequente, efeitos colaterais de medicações e uma certa frustração com os resultados. Mas a boa notícia é que os avanços recentes na medicina têm transformado esse cenário.

 

Tratamentos orais tradicionais: funcionam, mas nem sempre são ideais

Por muitos anos, os tratamentos preventivos da enxaqueca foram feitos com medicações desenvolvidas originalmente para outras condições: antidepressivos, anticonvulsivantes, betabloqueadores e bloqueadores de canais de cálcio (medicações utilizadas para tratamento de pressão alta e problemas cardíacos). Embora possam ser eficazes para algumas pessoas, muitos pacientes enfrentam dificuldades com esses medicamentos.

Os motivos mais comuns são:

  • Efeitos colaterais como sonolência, ganho de peso, alterações de humor e tontura
  • Início de ação lento (às vezes semanas até começar a funcionar)
  • Necessidade de uso diário e contínuo, o que dificulta a adesão

Essas limitações abriram espaço para o desenvolvimento de terapias mais específicas, direcionadas à fisiopatologia da enxaqueca.

 

Quando o tratamento preventivo é necessário?

Antes de falarmos das novidades, é importante entender que o objetivo do tratamento preventivo é reduzir a frequência, intensidade e duração das crises.

Ele é indicado principalmente nos seguintes casos:

  • Quando a pessoa tem mais de 8 dias de dor por mês
  • Quando os medicamentos de alívio não estão funcionando bem
  • Quando há efeitos colaterais indesejados com os remédios comuns
  • Quando a dor atrapalha a rotina, o trabalho ou o sono
  • Quando há uso frequente de analgésicos

 

Novidades no tratamento da enxaqueca: da toxina botulínica aos anticorpos monoclonais

Se você sofre com enxaqueca e sente que os tratamentos tradicionais não funcionam bem ou causam muitos efeitos colaterais, saiba que a medicina evoluiu — e hoje contamos com novas opções terapêuticas que têm mudado a vida de muitos pacientes.

Entre elas, destacam-se a toxina botulínica e os anticorpos monoclonais. São tratamentos modernos, com eficácia comprovada, que atuam na prevenção das crises e oferecem mais qualidade de vida para quem convive com a enxaqueca crônica.

 

Toxina botulínica: mais que estética, é tratamento e uma aliada importante para a enxaqueca crônica

A toxina botulínica, conhecida por seu uso estético, também é aprovada para tratar enxaqueca crônica — aquela que causa dor de cabeça por 15 dias ou mais ao mês, sendo ao menos 8 deles com características de enxaqueca.

Ela é aplicada em pontos específicos da cabeça, pescoço e ombros, com agulhas muito finas com o objetivo de reduzir a atividade dos nervos envolvidos na dor. A aplicação é feita em consultório, leva cerca de 20-30 minutos e é repetida a cada 3 meses.

 

Vantagens:

  • Tratamento trimestral
  • Efeitos colaterais leves e localizados
  • Muito bem tolerada pela maioria dos pacientes

É uma opção bastante interessante para quem já tentou outros preventivos sem sucesso.

Benefícios:

  • Reduz a frequência das crises
  • Diminui a intensidade das dores
  • Reduz a necessidade de analgésicos
  • Melhora a qualidade de vida

 

Anticorpos monoclonais: o avanço mais importante das últimas décadas

A principal inovação no tratamento preventivo da enxaqueca são os anticorpos monoclonais contra o CGRP (peptídeo relacionado ao gene da calcitonina) ou seu receptor — substâncias diretamente envolvidas na cascata de dor da enxaqueca.

Esses medicamentos foram desenvolvidos especificamente para a enxaqueca, com base em anos de pesquisa, e têm se mostrado eficazes tanto na redução da frequência das crises quanto na melhora da qualidade de vida dos pacientes.

Vantagens principais dos anticorpos monoclonais:

  • Aplicação mensal (ou trimestral, dependendo da formulação)
  • Poucos efeitos colaterais, geralmente leves (como reações no local da aplicação)
  • Alta aderência ao tratamento, graças à posologia mais cômoda
  • Podem ser usados em pacientes que não responderam aos tratamentos orais tradicionais
  • São direcionados apenas ao mecanismo da enxaqueca

 

Esses medicamentos foram criados especificamente para enxaqueca e têm alta eficácia com poucos efeitos adversos. Eles podem ser aplicados mensalmente ou trimestralmente, dependendo da formulação.

Os anticorpos mais utilizados hoje no Brasil incluem:

  • Fremanezumabe
  • Galcanezumabe

 

Esses tratamentos são para qualquer paciente?

Nem sempre. Essas terapias são indicadas principalmente para pacientes com enxaqueca crônica ou com enxaqueca episódica de difícil controle. A decisão depende da avaliação do neurologista, do histórico do paciente e da resposta aos tratamentos anteriores.

 

Existe cura para a enxaqueca?

A enxaqueca é uma condição crônica, mas com o tratamento certo é possível controlar os sintomas e viver bem. A combinação de mudanças no estilo de vida com tratamentos preventivos modernos pode transformar a vida de quem sofre com dores frequentes.

 

Você merece viver sem dor

Se você já tentou diversos tratamentos, convive com dores frequentes e sente que a enxaqueca tem limitado sua rotina, não perca a esperança. Hoje, com os avanços da medicina, há novas possibilidades para você.

Hoje, a neurologia oferece opções modernas e personalizadas para o tratamento da enxaqueca. Os anticorpos monoclonais e a toxina botulínica representam um grande avanço, especialmente para quem não teve bons resultados com os tratamentos convencionais.

A ciência avançou — e você não precisa mais aceitar a dor como parte da rotina. Agende uma consulta com um neurologista e descubra qual é o melhor caminho para o seu caso.

 

Dr. Júnior Vasconcelos
Neurologista – CRM 219464 | RQE 124426
Especialista no diagnóstico e tratamento de dores de cabeça

 

💢 Enxaqueca: o que é, como identificar e quando procurar ajuda

10 junho, 2025



Você já sentiu uma dor de cabeça tão intensa que parecia impossível seguir com suas tarefas diárias? Se essa dor vem acompanhada de sensibilidade à luz, ao barulho ou náuseas, é possível que você esteja enfrentando uma crise de enxaqueca, uma das condições neurológicas mais comuns — e também mais incapacitantes — do mundo.

A enxaqueca vai muito além de uma simples dor de cabeça. Reconhecê-la e procurar orientação médica pode fazer toda a diferença na sua qualidade de vida.

 

🧠 O que é a enxaqueca?

A enxaqueca é uma doença neurológica crônica que provoca crises recorrentes de dor de cabeça. A dor costuma ser pulsátil, de intensidade moderada a forte, e frequentemente localizada em um dos lados da cabeça, embora possa ocorrer dos dois lados.

Mas a enxaqueca não é “só uma dor de cabeça”. Ela envolve uma série de alterações no funcionamento do cérebro, especialmente em estruturas profundas como o hipotálamo, o tronco encefálico e o chamado sistema trigêmino-vascular — um circuito de nervos e vasos sanguíneos responsável pela percepção da dor na cabeça.

Durante uma crise, esse sistema é ativado de forma anormal, liberando substâncias inflamatórias e dilatando os vasos sanguíneos, o que contribui para a dor intensa. O hipotálamo, que regula funções como sono, apetite e ritmo circadiano, também participa do processo, o que explica por que muitas pessoas têm crises desencadeadas por estresse, falta de sono ou mudanças hormonais.

Esses mecanismos ajudam a entender por que a enxaqueca é uma condição tão complexa e incapacitante — não se trata apenas de um desconforto pontual, mas de um distúrbio neurológico com múltiplos fatores envolvidos.

Além da dor, as crises podem durar de 4 a 72 horas e vêm acompanhadas de sintomas como:

  💡 Sensibilidade à luz (fotofobia)

  🔊 Sensibilidade a sons (fonofobia)

  🤢 Náuseas e vômitos

  😵‍💫 Tontura

 

⏱️ Fases da crise de enxaqueca

A enxaqueca é um distúrbio neurológico que costuma seguir um padrão em fases, embora nem todos os pacientes percebam todas elas. Reconhecer essas etapas pode ajudar na identificação precoce e no tratamento mais eficaz da crise:

  1. Pródromo
    Algumas horas ou até dias antes da dor, o paciente pode notar sinais como irritabilidade, alterações de humor, bocejos frequentes, desejo por certos alimentos, rigidez na nuca ou dificuldade de concentração. Esses sintomas são reflexo de alterações iniciais no hipotálamo e outras áreas do cérebro.

 

  1. Aura (presente em cerca de 25% dos pacientes)
    Caracteriza-se por sintomas neurológicos temporários, geralmente visuais (como luzes, pontos brilhantes ou linhas em zigue-zague), mas que também podem incluir alterações sensoriais (formigamentos) ou dificuldade na fala. A aura geralmente dura de 5 a 60 minutos e precede a dor.

 

  1. Fase da dor
    É a fase mais conhecida, quando surge a dor de cabeça propriamente dita, com características pulsáteis, de intensidade moderada a forte, geralmente unilateral. Costuma vir acompanhada de náuseas, sensibilidade a luz e ao barulho. A ativação do sistema trigêmino-vascular e a liberação de substâncias inflamatórias no cérebro estão por trás desses sintomas.

 

  1. Pósdromo
    Após a dor, muitos pacientes relatam sensação de cansaço extremo, dificuldade para pensar, sensibilidade residual à luz ou ao som, ou ainda um leve desconforto na região onde a dor predominou. É como se o cérebro precisasse de tempo para se "recuperar" da crise.

 

🔍 Tipos mais comuns de enxaqueca

1. Enxaqueca sem aura

É a forma mais comum, representando cerca de 75% dos casos. A dor se instala de forma gradual e não apresenta alterações da visão, de sensibilidade e ou de fala associados.

 

2. Enxaqueca com aura

Caracteriza-se pela presença de sintomas neurológicos transitórios que precedem ou acompanham a dor. Os sintomas mais comuns são visuais (como luzes piscando, pontos brilhantes ou linhas em zigue-zague), mas também podem incluir formigamento em um lado do corpo, dificuldade para falar ou sensação de dormência.

Esses sintomas costumam durar de 5 a 60 minutos e são totalmente reversíveis. No entanto, é essencial que esses sinais sejam avaliados por um neurologista, pois outras condições neurológicas, como crises epilépticas, ataques isquêmicos transitórios (princípio de AVC ou derrame) ou distúrbios do processamento visual, podem se manifestar de forma semelhante.

🔺 Além disso, a identificação da aura tem implicações importantes para a saúde da mulher: pacientes com enxaqueca com aura têm um risco aumentado de eventos cerebrovasculares, como o AVC isquêmico, especialmente quando fazem uso de anticoncepcionais hormonais combinados (estrogênio + progesterona). Por isso, em mulheres com esse tipo de enxaqueca, o uso desses contraceptivos deve ser evitado, sendo necessário avaliar alternativas mais seguras.

 

O que pode desencadear uma crise de enxaqueca?

Embora a enxaqueca tenha origem multifatorial, envolvendo fatores genéticos e alterações na excitabilidade do sistema nervoso central, alguns gatilhos são reconhecidamente associados ao início das crises:

  🧠 Estresse emocional

  🍽️ Jejum prolongado

  🛌 Alterações no sono

  ♀️ Oscilações hormonais

  💡 Estímulos sensoriais intensos (luz forte, cheiros, barulho)

A identificação desses gatilhos é fundamental para a prevenção das crises e pode ser feita por meio de um diário de cefaleia.

 

Quando procurar um neurologista?

É comum que pessoas com enxaqueca convivam com a dor por anos, recorrendo a analgésicos de forma recorrente. No entanto, o uso excessivo desses medicamentos pode piorar o quadro, levando à chamada cefaleia por uso excessivo de medicação.

Procure um especialista se:

·        As crises são frequentes (mais de 4 dias por mês)

·        A dor interfere na rotina

·        💊 Os medicamentos não funcionam mais

  • ⚠️sintomas neurológicos associados (formigamentos, perda de visão, fala arrastada)
  • A dor surge de forma súbita e muito intensa

 

💡 Existe tratamento eficaz?

Sim. O tratamento da enxaqueca deve ser individualizado e pode incluir:

  • Medicamentos abortivos: para interromper a crise (como triptanos, anti-inflamatórios e antieméticos)
  • Tratamento preventivo: indicado quando as crises são frequentes ou muito incapacitantes, usando medicações como betabloqueadores, antidepressivos, anticonvulsivantes ou os modernos anticorpos monoclonais anti-CGRP, desenvolvidos especificamente para enxaqueca
  • Abordagens não farmacológicas: regulação do sono, alimentação equilibrada, redução do estresse, atividade física regular
  • Técnicas complementares: acupuntura, biofeedback, meditação, terapia cognitivo-comportamental
  • Toxina botulínica tipo A: eficaz em casos de enxaqueca crônica (≥15 dias de dor por mês, sendo ≥8 com características de enxaqueca)

 

🙌 Você não precisa conviver com a dor

A enxaqueca é uma condição tratável — e quanto antes for diagnosticada, melhor a resposta ao tratamento. Com o acompanhamento especializado, é possível reduzir a frequência e intensidade das crises, melhorar o desempenho no trabalho, a convivência social e, acima de tudo, a qualidade de vida.

👉 Se você se identificou com os sintomas descritos, agende uma consulta com um neurologista. A dor não precisa fazer parte da sua rotina.

 

Dr. Júnior Vasconcelos
Neurologista – CRM 219464 | RQE 124426
Especialista no diagnóstico e tratamento de dores de cabeça